13 de julho de 2008

UM AMIGO ARTISTA

Por volta dos meus 15/16 anos, ainda te falta muito para lá chegares Guilherme, o avô tinha dois amigos irmãos um deles o mais velho talves dois anos mais velho que eu, o João.

Era um grande artista a fazer desenhos a lápis, carvão e até, imagina com fósforos anteriormente queimados. Era o João Ferreira, um rapaz muito calado, não tinha continuado os estudos, mas andava sempre com um livro debaixo do braço e ia para os cafés ler, levando com o livro umas folhas de papel e no bolso sempre lápis e esferográficas.

João não gostava muito de mim porque para o feitio dele eu era muito falador. Mas um dia no café depois de assistir com uma roda de amigos, ao trabalho de pintura que ele fazia com o liquido dos restos do café que estavam nas nossas chávenas, tendo como pincel um guardanapo de papel enrolado de forma especial para lhe prestar o serviço que ele desejava, consegui convidá-lo a ir para minha casa, porque tinha lá folhas de papel de vários tipos que a minha mãe trazia da patroa que era uma Srª inglesa, e dava aulas no Colégio Inglês.

Então o João começou a ir até minha casa e a antipatia dele desapareceu durante algum tempo. Era um rapaz revoltado, filho de um taxista que não compreendia que o filho só vivia para a arte. Mas em 1965 em muitas e muitas familias era necessário que os filhos começassem a trabalhar cedo e na melhor das hipóteses iam estudar à noite. Um dia fiz-lhe o desafio de reproduzir uma foto minha tipo passe, e ele aceitou. Ainda colaborou num Jornal que vários rapazes e raparigas criaram na Foz.
Deixei de o vêr a partir de certa altura da minha adolescência. Um pouco casmurro, mas foi um bom amigo.
É este o trabalho dele que ainda guardo com carinho ao fim deste tempo. Sabes para que queria este desenho do meu rosto?. Muito simples. Era para oferecer à minha primeira namoradinha a sério, que eu tinha com os meus tais quinze aninhos.




1 comentário:

anamar disse...

Olá Filipe
São os nossos caminhos a cruzarem-se e a separarem-se na vida...
Quantos e quantos relembramos ainda, que as sucessivas bifurcações afastaram de nós!...
Mas é-nos sempre caro, penso, por algumas pequenas/grandes coisas "revivê-los" uma vez mais.
Um abraço
Anamar