29 de junho de 2008

AS BRINCADEIRAS COM PRIMO PEDRO





Avô Filipe com cinco ou seis anos

Os brinquedos utilizados nas nossas brincadeiras eram umas camionetas, um cavalinho com carroça, um carro de bombeiros um ou outro barquinho tudo em chapa (folha de latão mas muito bem pintados) uns bonequinhos que eram brindes dos pacotes de Cevada.
O Pedro (o meu primo) que uma ou duas vezes por semana ia lá a casa com a mãe, a minha tia Elvira, às vezes levava algum brinquedo de "luxo" como era o caso de um Jipe militar que era de dar à corda e andava sozinho. Um tanque de guerra que andava e fazia estalidos com relampâgos na ponta do canhão.
Bem... nesses dias eu tornava-me num cachorrinho amedrontado e triste; primeiro porque ele tinha tendência a não me deixar brincar com as coisas dele, segundo se eu insistisse sofreria com o ímpeto agressivo que ele tinha.
Ele tinha brinquedos mais caros de que os meus. E porquê ?
Muito simples, o pai era Funcionário bancário e o avô paterno Gerente bancário.
Neste tempo, pós-grande guerra, estou a falar de 1954/5/6 isto fazia uma grande diferença na sociedade.
Mas... claro que há sempre um mas. Eu tinha umas pequeninas coisas (um dos pequenos tesouros da minha vida) de que ele gostava muito de brincar com elas.
Imagina... A miniatura de uma mala de viagem que naquele tempo era de cartão, teria talvez uns 35x20x10 cm. Dentro guardava um pincel da barba, linha fio do norte, agulhas de fazer rede de pesca, uns paus de madeira muito dura que servia para os marinheiros desfazerem os nós das cordas (creio que cunhetes) e outras coisitas que não me recordo mais.
E sabes que ele adorava brincar com isto. Enquanto eu tinha a voz da minha avó baixinho: "vai brincar com o carrinho dele". Aqui a minha avó tornava-se a sentinela do meu tesouro, principalmente para que ele não partisse as agulhas de rede ou se sentasse em cima da mala.
Falei dos meus tesouros e este como alguns outros que te descreverei mais tarde vinham do meu Avô que era marinheiro, morreu pouco antes de eu nascer, na grande guerra a bordo de um Navio inglês.
Claro que hoje não tenho qualquer ressentimento sobre as brincadeiras com o meu primo. Éra-mos crianças, embora estas condições se viessem a reflectir no nosso relacionamento adulto porque nos forjaram carácteres diferentes.
Agora o que é importante para mim é que desde muito menino aprendi que nem todas as crianças eram iguais.
p.s. vou procurar na net as imagens de brinquedos que eu tivesse tido,
na foto sou eu entre a minha porta e a porta da casa do Zé Manel do qual já escrevi.

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